Orçamento, Estado e Povo. Processo de Orçamento, Sociedade Civil e Transparência em Angola
Abstract
Este estudo identifica várias deficiências no processo de orçamento em Angola. A proposta dogoverno não é discutida publicamente, não é preparado nenhum documento pré-orçamento, nãosão feitas comparações entre a despesa orçamentada e os seus resultados concretos, e nãosão preparados relatórios de auditoria. Além disso, a execução do orçamento é problemáticaporque Angola tem dois sistemas de finanças públicas, um sistema convencional dependente doMinistério das Finanças; e o sistema não convencional (sobretudo) operado pela Sonangol.As instituições de estado envolvidas no processo de orçamento são fracas, mas estão a terlugar melhorias, aprendizagem e reformas, em particular no Ministério das Finanças, na Comissãode Finanças do parlamento e no Tribunal de Contas que é a instituição suprema de auditoria. Masoutras instituições ainda são fracas ou não existentes. A lei de 1996 sobre uma comissão anticorrupçãonão foi posta em prática. O Instituto Nacional de Estatística é uma instituição fraca epor consequência a estatística básica nacional, em que as atribuições de fundos do orçamento sedeven basear, não existem ou não são fiáveis. As administrações locais e provinciais têm gravesdeficiências, tanto em legitimidade como em capacidade profissional para analisar e efectivar aprestação de serviço público.Noutros paises, durante a preparação do orçamento, as organizações da sociedadecivil podem debater políticas e relatórios, por exemplo numa conferência pré-orçamento ecomentar propostas de tributação. As OSCs podem também batalhar efectivamente contra oesbanjamento, desvios, corrupção e fugas do orçamento. Porém em Angola a sociedade civil temsido históricamente fraca e o seu espaço político-social é limitado. As autoridades angolanasnão têm aceite integralmente o papel da voz da sociedade civil e suas funções de vigilância econtrolo, e o quadro legal é restritivo.O relatório sugere modos de aumentar a observação e transparência dos processos deorçamento em Angola, de como a sociedade civil pode ser mais envolvida no processo, por exemploatravés de criação de competências em análise de economia, e de como os doadores podemtomar medidas para assegurar mais transparência e envolvimento do público em processos deorçamento.
Publisher
Chr. Michelsen InstituteSeries
Research reportR 2007: 14